terça-feira, 16 de setembro de 2014

A culpa


Que não me venha a culpa,
desculpa
que palpita em meu viver.

Que pulsa.
Diz culpa:
"és ânsia por não ser."

Res-fôlego terno,
afago ermo
de meu desapego.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Le cycle





“...E quando o pandeiro tocar...”,
O início insiste no fim te buscar.
Todo arbítrio, não se faz mal,
Mesmo que selado pelas vielas
De sua ausência.

E quando o carnaval insiste em tocar,
E no início dessa multidão,
eu – folião.
Voi là
Não se faz mal,
Todo fim insistir em recomeçar.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Do avesso



Eu aprecio da leitura, o revés.
Quisera as coisas assim fossem, sem outorgas.
Aprecio os palíndromos.
Uma moça no espelho.
Que valhe a razão senão os [polegares] oponíveis?

Da efemeridade

             
     A calvice eterifica a vida.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Meu eu-lírico


O poeta é escravo do caos e da ordem. 
E nesta paz em que me encontro, entre ser e não ser, 
há dias em que esqueço-me 
poeta.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O velho e a névoa


    
    Quantas vezes olhaste por este vidro? A mesma névoa. Os mesmos reflexos. Um velho de barba grisalha, vista cansada, pouco cabelo, memória farta. Farta falta. Um velho sóbrio em constante perda. Memória. Lá fora, as paisagens são quadros já vistos, revistos e esquecidos. Inconstantes equívocos. Fios alvos, de todas as cores a do tempo é branca. Tempo que desbota os seus reflexos, a sua face. Tempo que desbota as suas lembranças. O velho por de trás do vidro tentava, em vão, subverter tal alvura. Subvertia, esquecia. E assim, o tempo jazia as cores daquele velho sonhador.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Balão de cores.

O garoto no leito do hospital pronto para ser desvanecido:
- Pai, morrer deve ser que nem viajar de balão sozinho por aí.
O homem sem reação:
- É...
- e viver o que é meu filho? - retruca.
- Viver é viajar de balão só que acompanhado.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um quase poema de uma quase vida.


Por trás faz,
Por frente mente,
Por paz faz
gentilmente.

Por terra a guerra,
Por gente mente,
Na paz faz-se
convincente.

Por paz jaz,
Por trás por frente,
o que no céu rasga 
é bala cadente.

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